Variação genética ligada a um estilo de vida ativo aumenta a longevidade
Pesquisa descobriu que variante, que é ligada à ação da dopamina, é mais prevalente em pessoas que alcançam idades mais avançadas
Estilo de vida: Variação genética ligada a uma vida ativa
social e fisicamente é prevalente em pessoas que vivem muitos anos
Cientistas americanos encontraram evidências genéticas que indicam que
uma personalidade social, intelectual e fisicamente ativa está
relacionada a uma vida mais longa. Segundo esses pesquisadores, a
variação em um gene ligado à dopamina, neurotransmissor associado ao
sistema de recompensa do cérebro, torna uma pessoa propícia a apresentar
tais características. E, em um novo estudo, eles descobriram que a
mesma alteração genética é encontrada mais frequentemente em pessoas que
alcançaram — e até ultrapassaram — os 90 anos de idade.
Análise — Em um primeiro momento, a pesquisa se baseou
nos dados do Estudo 90+, feito na Califórnia com pessoas que tinham uma
idade maior do que 90 anos. Após olhar para as características
genéticas de 310 idosos e compará-las às de um grupo de 2.902 pessoas de
sete a 45 anos de idade, a equipe descobriu que a prevalência da
variante foi 66% maior entre os mais velhos. Os cientistas depois
fizeram testes em laboratório com camundongos e compararam o tempo de
vida entre animais com e sem a variação.
"Embora essa variação genética não influencie diretamente a
longevidade, ela é associada a traços de personalidade que vêm se
mostrando importantes para uma vida longa e mais saudável. Tem sido
bastante documentado o fato de que, quanto maior o envolvimento com
atividades físicas e sociais, maior a probabilidade de vivermos mais",
diz Robert Moyzis, pesquisador da Universidade da Califórnia em Irvine,
nos Estados Unidos, e coordenador do trabalho.
Opinião do especialista
Roberto Muller
Médico geneticista e chefe do setor de genética do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo
Médico geneticista e chefe do setor de genética do Hospital dos Servidores Públicos de São Paulo
"Tudo o que
envolve comportamento, longevidade e qualidade de vida possui muitas
variáveis, e não somente as genéticas ou as ambientais. São
multifatoriais e podem ser influenciados por fatores como nível
socioeconômico, etnia e o país onde o indivíduo vive.
Como os autores
do estudo destacam no artigo, essa variação genética pode contribuir com
um estilo de vida mais ativo e com a longevidade. Ou seja, pode até
ajudar, o que eu acredito que ocorra, mas não é o único responsável por
isso ocorrer.
Não podemos
achar, por exemplo, que apenas essa variante nos faria viver mais e que
somente quem a carrega será ativo ou terá maior expectativa de vida,
mesmo se fumar ou se alimentar mal, por exemplo."
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