Já um em cada dez pessoas sofre de diabete, informa relatório da OMS
Hipertensão é mal que já afeta 1/3 da população mundial
(ThinkStock)
Um em cada três adultos em todo o mundo sofre de hipertensão, revela um
relatório anual da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta
quarta-feira. Já um em cada dez sofre de diabetes, informa o documento.
"Este relatório oferece mais uma evidência do dramático aumento das
condições que desencadeiam doenças de coração e outras doenças crônicas,
particularmente nos países pobres e em desenvolvimento", disse a
diretora geral da OMS, Margaret Chan.
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Margaret ressaltou que é preocupante o fatio de que, em alguns países
africanos, metade da população adulta sofre de hipertensão. Justamente
por isso a OMS quer chamar a atenção para "o crescente impacto das
doenças não contagiosas". Pela primeira vez o estudo estatístico inclui
informação de 194 países sobre os altos níveis, em homens e mulheres, de
pressão sanguínea e da taxa de glicose no sangue. O relatório informa
que os diagnósticos e os tratamentos baratos destas doenças reduziram o
problema nos países desenvolvidos.
Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo
A preocupação da organização é que, em lugares como a África, onde não
são aplicadas estas medidas preventivas, a maior parte das pessoas com
estas doenças não sabem que correm risco de vida em decorrência de um
ataque no cardíaco ou um derrame. O relatório incluiu pela primeira vez
dados sobre o diabetes. A OMS lembra que, se não for tratado, o problema
pode causar doenças cardiovasculares, cegueira e falha renal.
A terceira grande preocupação é o excesso de peso, já que em todas as
regiões do mundo, o número de obesos dobrou entre 1980 e 2008, informou
Ties Boerma, diretor do Departamento de Estatísticas Sanitárias e
Sistemas da Informação da OMS. "Hoje, cerca de 500 milhões de pessoas
(12% da população mundial) são consideradas obesas", segundo Boerma.
O nível mais alto de obesidade foi registrado na região das Américas
(26% dos adultos) e o mais baixo no Sudeste Asiático (3% dos adultos),
sendo maior a proporção de mulheres obesas que a de homens, com o
impacto que isto representa quanto ao risco de diabetes, problemas de
coração e câncer. A conclusão é que as doenças não contagiosas são
atualmente a causa de dois terços das mortes no mundo, e por isso a OMS
trabalha em um marco de acompanhamento e uma série de metas voluntárias
para prevenir e controlar o problema.
O relatório será um dos assuntos abordados na próxima Assembleia
Mundial sobre a Saúde da OMS em Genebra (entre os dias 21 e 26 de maio),
que também informará os avanços conquistados. Segundo a OMS, desde que
há mais de uma década se estabeleceram os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM) da ONU, "foi possível um progresso substancial na
redução da mortalidade infantil e maternal, em relação ao HIV, à
tuberculose e à malária".
A desnutrição infantil é a causa subjacente de aproximadamente 35% das
mortes de crianças menores de cinco anos, embora no caso dos países em
desenvolvimento tenha sido detectada certa melhora: entre 1990 e 2010 a
proporção de crianças dessas idades que apresentavam peso abaixo do
recomendável passou de 29% para 18%. Já a mortalidade entre menores de
cinco anos nas últimas duas décadas reduziu 35% de 88 mortes para cada
mil nascidos vivos em 1990 (um total de 10 milhões de crianças) até 57
para cada mil (7,6 milhões) em 2010. "As reduções foram particularmente
impactantes nas mortes por diarréias e por sarampo", destacou a
organização.
Especialmente significativo é o dado sobre a África, onde acontece
metade das mortes de menores de cinco anos, já que a taxa de redução
passou de 1,5% (1990-2010) para 2,8% (2005-2010). O dado de redução é
grande também no que se refere ao número de mortes maternais (de 543.000
em 1990 para 287.000 em 2010), mas a OMS indica que "a taxa de redução é
apenas a metade do necessário para conseguir o objetivo relevante dos
ODM".
(Com agência EFE)