Saúde realiza mobilização para testagem de HIV
Cerca de 70% dos pacientes com aids, que recebem medicamentos pelo
SUS, apresentam cargas virais indetectáveis, ou seja, estão vivendo cada
vez mais
O Ministério da Saúde, em parceria com estados, municípios e sociedade
civil, irá realizar uma mobilização nacional para testagem de sífilis,
HIV e hepatites virais (B e C). Durante 10 dias, todas as pessoas que
desejarem saber sua condição podem procurar as unidades da rede pública e
os Centros de Testagem e Aconselhamento – CTA, em todo o país. A
estratégia faz parte das ações que marcam o Dia Mundial de Luta contra a
Aids, lembrado em 1º de dezembro, e que foi apresentada nesta
terça-feira (20) pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha.
FIQUE SABENDO - A partir dessa quinta-feira até 1º de
dezembro – as unidades da estratégia de mobilização “Fique Sabendo”
estarão em todas os estados do país, oferecendo a testagem para
HIV/aids, sífilis e hepatites Be C. Com apenas uma gota de sangue
colhida, o resultado do teste rápido sai em 30 minutos. A pessoa recebe
aconselhamento antes e depois do exame, e em caso positivo, é
encaminhada para o serviço especializado.
“O diagnóstico precoce produz dois impactos positivos: o individual e o
coletivo. Primeiro, é importante que o paciente saiba que está
infectado, isso possibilita um tratamento eficaz e mais rápido,
reduzindo os riscos e melhorando a qualidade de vida. Segundo, reduz a
carga viral negativa. Viver com HIV não é simples, mas saber é muito
melhor", afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
TESTE RÁPIDO- Desde a sua implantação em 2005, foi
registrado aumento de 340% no número de testes ofertados (de 528 mil,
2005, para 2,3 milhões, em 2011). De janeiro a setembro deste ano, já
foram distribuídas 2,1 milhões de unidades do exame. A expectativa é
fechar 2012 com a remessa de cerca de 2,9 milhões, apenas para detecção
do HIV.
Para a Mobilização Nacional, o Ministério da Saúde enviou às capitais,
386.890 testes rápidos para HIV, 182.500 para sífilis, 93 mil para
hepatite B e 93 mil para a C. No total, foram 755.390 unidades de
insumos, conforme a solicitação de cada estado. Os testes rápidos para
diagnóstico de HIV/aids, hepatites virais e sífilis estão disponíveis,
gratuitamente, em toda a Rede Pública de Saúde.
“A política de acesso aos testes tem mostrado estar no caminho certo.
Segundo Pesquisa de Comportamentos, Atitudes e Práticas da População
Brasileira (PCAP), a realização de testagem de HIV passou de 20%, em
1998, para quase 40% na população adulta brasileira, em 2008”, observao
diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde, Dirceu Greco.
A realização do teste é recomendada para toda a população,
especialmente para alguns grupos populacionais em situação de maior
vulnerabilidade para a infecção pelo HIV, como homens que fazem sexo com
homens (HSH) (54%), mulheres profissionais do sexo (65,1%) e usuários
de drogas ilícitas (44,3%). Isso porque a epidemia no Brasil é
concentrada e o país focaliza, prioritariamente, as ações de prevenção
do governo federal nessas populações.
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS – A taxa de incidência de aids
no Brasil tem se mantido nos mesmos patamares, nos anos recentes, embora
apresente diferenças regionais. Esses e outros dados epidemiológicos da
aids serão destaques do Boletim Epidemiológico que será lançado no dia 1
de dezembro, com números atualizados até junho de 2012. Os dados
apontam que a taxa de incidência da aids no Brasil, em 2011, foi de 20,2
por 100.000 habitantes. Nesse ano, foram registrados 38,8 mil casos
novos da doença. O maior volume de casos continua concentrado nos
grandes centros urbanos.
A região Sudeste apresenta redução nas taxas de incidência de aids de
27,5 casos (para cada 100 mil) - em 2002 - para 21,0 em 2011. Nas
regiões Sul, Norte e Nordeste, há leve tendência de aumento. O
Centro-Oeste apresenta comportamento similar ao Brasil, ou seja, a
epidemia continua no mesmo patamar.
A taxa de prevalência (percentual de pessoas infectadas pelo HIV), em
2010, foi estimada em 0,42%. Em relação à mortalidade por aids, o país
apresentou média de 11.300 óbitos por ano na última década. O
coeficiente de mortalidade padronizado (número de óbitos para cada 100
mil habitantes utilizando-se uma população padrão) vem apresentando
queda. Enquanto em 2000, era de 6,3, em 2011 o número registrado foi
5,6, o que representa redução de 12%. O diagnóstico precoce seguido do
acesso, em tempo oportuno, à terapia antirretroviral explica a queda de
óbitos em decorrência da aids.
MONITORAMENTO - O aumento do diagnóstico tem se
refletido no crescimento da proporção de indivíduos HIV positivos que
são identificados precocemente. Em 2006, 32% dos pacientes chegavam ao
serviço de saúde com contagem de CD4 superior a 500 células por mm3, o
que indica que o sistema imunológico do paciente ainda não está
comprometido. Em 2010, esse percentual subiu para 37%.
A incorporação de novos medicamentos no tratamento contra a aids também
tem contribuído para diminuir as estatísticas de óbitos em consequência
da infecção. Em 2010, a etravirina passou a ser oferecida no SUS para
pacientes com resistência aos outros antirretrovirais. Já o tipranavir
foi incluído no rol de medicamentos disponíveis no país, desde o ano
passado. É o primeiro antirretroviral de resgate terapêutico que poderá
ser utilizado por crianças de 2 a 6 anos de idade.
Em outubro desse ano, o Ministério da Saúde assinou acordo com os
laboratórios Farmanguinhos, Fundação Ezequiel Dias e Laboratório
Farmacêutico do Estado de Pernambuco para a fabricação da dose fixa
combinada (uma só pílula) dos antirretrovirais tenofovir, lamivudina e
efavirenz, o chamado tratamento 2.0. A iniciativa vai facilitar a adesão
do paciente ao tratamento da aids, seguindo tendência mundial de
simplificar os esquemas de terapia. A expectativa é que o comprimido
único já esteja disponível no SUS em 2013.
O Ministério também está incorporando, como parte do arsenal
terapêutico de medicamentos de terceira linha (esquemas de resgate para
pacientes que não responderam satisfatoriamente aos de primeira e de
segunda linha), o maraviroque. O antirretroviral pertence a uma nova
classe de medicamentos e, inicialmente, irá beneficiar 300 pacientes no
país, a partir de próximo ano. Será o quinto antirretroviral de terceira
linha disponibilizado pelo governo.
CAMPANHA – O tema da campanha pelo Dia Mundial de Luta
contra a Aids deste ano irá destacar a importância de se realizar o
teste, tendo como porta-vozes pessoas que vivem com HIV/aids. A
estratégia prevê veiculação de mensagens de promoção ao diagnóstico de
HIV, com base nos direitos humanos e no combate ao estigma e
preconceito. A divulgação nacional será feita em TV, rádio, salas de
cinema e internet.
As mensagens irão mostrar que o teste é um processo seguro, sigiloso e
acessível na rede pública. Os protagonistas da campanha, que vivem com
HIV e descobriram sua sorologia por meio do teste, irão incentivar a
realização do exame. A campanha terá a seguinte abordagem: “Eu vivo com
HIV e sei disso. A diferença entre nós é que você pode ter o vírus e não
saber. Vá à unidade de saúde e faça o teste de aids”.
Das 530 mil pessoas que vivem com HIV no Brasil atualmente, 135 mil
desconhecem sua situação e cerca de 30% dos pacientes ainda chegam ao
serviço de saúde tardiamente.
O público alvo é a população em geral, especialmente a que vive em
situação de maior vulnerabilidade, como homens que fazem sexo com homens
(HSH), travestis e profissionais do sexo. A campanha também incentiva
os profissionais de saúde a recomendarem a testagem aos pacientes,
independente de gênero, orientação sexual, comportamento ou contextos de
maior vulnerabilidade.
Assessoria de Imprensa - MS